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terça-feira, 28 de junho de 2011

A LEMBRANÇA DOS MOVIMENTOS

Especulações  datadas de 2008 sobre  o projeto.

Além da palavra, é claro, o apelo do texto ao corpo, às ações físicas, é extremamente importante. O que estariam os dois fazendo? As possibilidades são inúmeras e a experimentação nos ensaios irá sugerir de maneira mais consistente o que fazem. No entanto, já é nítido – a partir do título – que o exercício da repetição, do falhar e do tentar novamente, do sustentar o outro, da dupla agindo junta, enfim, fica bem sugerido que espaço é esse o da relação entre os dois, o espaço de ação da montagem.

Em termos de espaço, pretende-se uma montagem mais intimista, portanto, o espaço fechado é uma escolha já tomada. De acordo com os avanços dos ensaios, a possibilidade de inserir os atores numa arena é muito grande.

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segunda-feira, 20 de junho de 2011

O VAZIO DA PERDA DO SENTIDO

Especulações  datadas de 2008 sobre  o projeto.



“Por isso hoje só você e eu enfrentamos o vazio da perda do sentido, e isso é insuportável. Na minha memória só ficou disso tudo a lembrança dos movimentos”.

O nosso trabalho parte da palavra como geradora da relação. Ainda que nem sempre por ela consigamos assimilar tudo, é necessariamente pela palavra que nos deparamos com a falta de sentido. Por isso tantos diálogos quebrados, por isso tantas perguntas sem respostas e tanto texto fluindo de modo “desesperado”.

O trabalho com a palavra surge então como meio de construir uma assimilação de tudo o que está sendo dito, mas também, com o intuito de libertar, de instrumentalizar os atores com estas mesmas palavras. Para que os discursos dos personagens confundam-se com o depoimento dos atores, para que ganhem um tom de representação e de espontaneidade. Para que as palavras possam ser lembradas no instante em que são ditas. Para que pareça que a invenção acontece ali, naquele instante em que é dita.

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terça-feira, 14 de junho de 2011

SOBRE DETALHES E INTENSIDADES

Especulações  datadas de 2008 sobre  o projeto.

“Às vezes é tão fácil esquecer cada um dos detalhes, cada uma das intensidades, por isso acho que cada momento que repetimos se transforma numa verdadeira descoberta”.

PAS-DE-DEUX é uma peça argentina, de curta duração, escrita por Eduardo Pavlovsky. Traz dois personagens, ELE e ELA, num embate que a princípio não se pode entender facilmente o que é. No entanto, são os próprios que dão indício do caminho que escolheram percorrer. Ela diz num dado momento da peça cada momento que repetimos se transforma numa verdadeira descoberta.

Estariam os dois, então, repetindo seus momentos compartilhados? Revivendo o primeiro encontro, um ou outro caso passado juntos? Centrado na possessão como forma de controle, a peça apresenta o relacionamento entre um casal que não consegue se desvencilhar do passado, sendo escravizado por seus medos e limitações.

Mas aqui, palavras tornam-se perigosas na tentativa de descrever essa relação. Um nome pode destruir toda uma estrutura. Conforme Ele diz, Aqui há mistérios. E cabe a nós dar corpo a este jogo de intensidades e encontrar, nele, o jogo também das sutilezas, o jogo que se dá entre os detalhes.

O sugestivo título faz referência a uma coreografia de ballet clássico. O pas-de-deux é realizado em dupla e é composto por “pegadas”, onde um bailarino serve de suporte para uma bailarina, que executa passos e posições que só são possíveis em virtude da sustentação do parceiro.

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