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terça-feira, 16 de novembro de 2010

# 40

19 de setembro de 2010 – Teatro Glaucio Gill – 15h/17h
dan marins, diogo liberano e natássia vello.

último ensaio, um dia antes do festival. no ensaio anterior focamos o início do espetáculo até o segundo movimento. neste, estudamos a partir do terceiro até o fim.

escrevi alguns trechos de texto:

eu pensei
pensava que talvez
me lembro
esperava algum gesto
você não respondeu
nem pegou o cigarro

não sei o que significam, mas acho que estive pontuando ao dan como seu personagem está buscando, como não sabe, como está tentando chegar a algum lugar... acertamos algumas marcas, o quarto movimento ganhou em energia e intensidade. cada vez mais briga de casal. escrevo a expressão intensidade da sinceridade...

o que é isso? ainda não sabemos totalmente... nos vem em vislumbres, e é de difícil apreensão... depois fizemos um passadão, um geral para o festival, o segundo movimento da natássia foi bem mais interessante (mas hoje, novembro, ela já voltou à segurança do que fazia... precisamos sempre redescobrir o que é se afetar).

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

# 39

18 de setembro de 2010 – Teatro Glaucio Gill – 13h/16h
dan marins, diogo liberano e natássia vello.

fizemos um bom ensaio (lembro hoje ao escrever em novembro o relatório desse ensaio no penúltimo dia da temporada de MIRANDA no glaucio gill). foram dois ensaios para o festival ENCONTRARTE, para o qual NÃO DOIS fora selecionado.

a natássia estava completamente receptiva e investigando os porquês de sua personagem. especulamos e testamos bastante as viradas, as revelações, o como ela sai de dentro de si mesma. o como se permite morrer. continuamos ainda hoje desbravando esse eterno mistério, mas foi um ensaio onde conseguimos enrijecer, estremecer por conta da experiência textual/cênica.

foi o primeiro ensaio que ensaiamos sem paredes concretas. fiz uma marcação com fita adesiva no chão, fechando um quadrado quase perfeito dentro do qual a área cênica era situada. suprimimos as encostadas de dan contra as paredes e focamos o ensaio também na projeção vocal (estávamos ensaiando justamente no palco do glaucio gill, uma vez que nossa apresentação no festival seria feita num palcão...). 

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Últimas apresentações do ano,

O Teatro Inominável apresenta hoje (sexta) e neste sábado as duas últimas apresentações de NÃO DOIS neste ano, aqui no Rio de Janeiro. Para quem não assistiu, não deixe de comparecer. Ainda estamos na RAMPA - Lugar de Criação, um espaço incrível - mesmo - que fica na Rua Sá Ferreira, 202, em Copacabana. Basta pegar o metrô e saltar na estação General Osório.

Estortura \\ Por Alexandra Arakawa

O espetáculo, que está só começando (e que a cada apresentação se desvenda um pouco mais), completa uma trajetória de apenas quinze apresentações, entre temporadas e festival. E de lá até aqui, ganhos imensos a cada espaço novo encontrado e, sobretudo, a cada espectador encontrado.

Nestas últimas apresentações, faremos ligeiros debates ao término do espetáculo. Esperamos por vocês,

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

# 38

04 de junho de 2010 – Sala Paraíso (Teatro Carlos Gomes)
dan marins, diogo liberano e natássia vello.

nosso ensaio geral, cujo relatório escrevo hoje, meses depois, a partir de anotações feitas em meu caderno.

não há nada escrito que signifique algo realmente. há apenas MESA, CABO PARA LIGAR, 10M DE FIO, MACHO/FÊMEA, JET/JORNAL, FITA ROSCO PRETA, MAQUIAGEM... e Você não acha? Voltar a argumentar Primeiro falamos de palavras...

a estreia foi no dia seguinte, 05 de junho de 2010. apresentaríamos a nossa quarta apresentação.

# 37

02 de junho de 2010 – UFRJ – 22h/00h
dan marins, diogo liberano e natássia vello.

semana de estreia, também escrevo esse relatório meses depois. que engraçado isso. não quero que seja sempre assim.

neste ensaio acho que ficamos mexendo com pausas. as micro pausas que mudam tudo. que me fazem clarear algum entendimento. esse texto pede isso, pede essa calma, não se pode falar de violência unicamente via velocidade e grito. ah, pavlovsky, ah...

acho que montamos o espetáculo sem se perder muito no entendimento como sendo algo explícito. mas hoje isso me falta. a partitura já dominada, tudo já bem incorporado, exceto a fala. o texto. tenho por vezes que os atores ou não compreendem ou compreendem, mas não conseguem externar. que difícil deve ser.

o que terá crescido tanto entre nós dois? alguma coisa que não entendo... alguma coisa que me faz sentir ambíguo e que me produz terror ter sentido piedade em algum momento... não posso ser piedoso comigo mesmo, nem com os atores, nem com nosso trabalho...

reflexões que escreve hoje, meses depois, mas que me fazem ver como desde lá atrás as coisas já vinham nesse sentido. e penso, devo mandar um e-mail solicitando aos meninos que entrem e leiam isso tudo. mais: marcar um ensaio com texto. para as duas últimas apresentações de nossa mini-temporada na rampa (novembro de 2010)...

# 36

31 de maio de 2010 – UFRJ – 22h/00h
dan marins, diogo liberano e natássia vello.

O relatório deste ensaio está sendo escrito meses depois do ocorrido. Mas tenho as anotações feitas à mão e ao lê-las, as coisas meio que surgem novamente. É engraçado, lendo isso aqui agora, a sensação é de estar faz tempo andando em círculos. Vejamos:

Exercícios vocais; o tempo do prólogo me pareeu equivocado (engraçado como as falas tentemos outra vez se encaixa com a partitura. isso foi proposital? não me lembro...). pedi ao dan economia da tosse. eu quase quero acreditar que ele se engasgou. quase.

1º Movimento \\ Dan muito devagar, com as mãos para trás (não ao gesto cotidiano; optamos pelo estilizado, pelo estranhamento); tempo do enforcamento errado; sugiro uma fala mais incisiva para a Natássia (ainda hoje não sabemos que personagem é esse);

2º Movimento \\ Erro do Dan me abre espaço para o erro na cena (contamino-me por conta do espetáculo VAZIO É O QUE NÃO FALTA, MIRANDA - minha cabeça dá nós sucessivos); pontuei como era boa mão da Natássia que ficava no ar e abrir quando Dan virava contra a parede (hoje já encontramos outra coisa); neste ensaio Dan cisma em colocar as mãos atrás da cintura; texto do pai muito veloz (foi um ensaio em que tudo estava me incomodando);

3º Movimento \\ Escrevo no caderno "Vocês precisam estudar!" e defender a partitura, torná-la legível. A mesma conversa do ensaio anterior: responsabilizar-se; percebo imprecisão na partitura; é quase uma tortura e não quero ser também um torturador;

4º Movimento \\ Encaixe impreciso das partituras; Dan fala possessivo e empurra Natássia com força ao chão, escrevo Que porra é essa?! Tudo, menos essa literalidade. Tudo menos isso. As falas do quatro movimento querem significar pelos movimentos: é terrível. Escrevo não estamos improvisando...

Todo o resto do ensaio foi nesse esquema. A sensação de que os atores se acostumam e começam a tornar a coisa normal, banal, cotidiana... Não sei... Veremos o próximo ensaio, sinto-me chato.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Tatames com lona de algodão


O espaço acima foi o recorte escolhido por nós no último ensaio. Vamos trazer para a cena a parede acima, com suas passagens de ar, sua textura e sua cor. Vamos manter nosso formato original, o italiano. O chão treme, o chão grita. A cada passo os atores falam mais do que a boca pode dizer. O piso de algodão responde a cada passo. É impossível não perceber. Como se faz? Se faz como sempre foi feito. O som vira arquitetura capaz de compor. O som do chão sendo mexido vira a metáfora da violência.

O tatame está montado para receber uma história de amor. Curioso, não? Mais duro ainda que a madeira, mais frio que o piso frio e azulejado, é o algodão. Macio, claro e capaz de queimar.

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Sinopse
NÃO DOIS da obra Paso de Dos de Eduardo Pavlovsky. Drama. Um caso de violência na relação homem/mulher. A vítima é destruída, mas o torturador não consegue se apoderar de sua palavra. Resta a questão: quem cala consente? Com Dan Marins e Natássia Vello. Dir. Diogo Liberano. (35min). Classificação Indicativa: 14 anos.

5, 6, 12 e 13 de novembro, às 20h, na Rampa, Lugar de Criação
espetáculo seguido de debate \ ingresso a 15,00 (inteira)

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

NÃO DOIS na Rampa, Lugar de Criação

O Teatro Inominável fará quatro apresentações de NÃO DOIS no mês de novembro. Serão duas sextas e dois sábados, com apresentações às 20h seguidas de debate, na Rampa, Lugar de Criação. Um espaço incrível em Copacabana e que, sem dúvida alguma, nos trará inúmeras revelações sobre o espetáculo.

Rampa, Lugar de Criação \\ R. Sá Ferreira, 202 - Copacabana

Outro espaço, variações cênicas para jogar com o novo. Apresentaremos no terceiro andar da Rampa, num espaço chamado Dojo. O chão é coberto por tatames com lona de algodão que transformam o chão num espaço em branco, aumentando ainda mais a sensação de assepsia que marca o trabalho. Não há mais paredes, serão (quem sabe) paredes feitas pelos espectadores que nos assistem. Não deixem de prestigiar, serão apenas quatro apresentações.

NÃO DOIS \ 5, 6, 12 e 13 de nov, sex e sáb, 20h \\ PEÇA + DEBATE


Nas duas semanas , NÃO DOIS se apresenta e é seguido pela apresentação de outro espetáculo. Trata-se de BALÕES, dirigido por Caio Riscado a partir de outra obra (Vermelhos Balões Vemelhos) de Eduardo Pavlovsky - o mesmo dramaturgo de Paso de Dos. Portanto, quem quiser conhecer ainda mais a dramaturgia de Pavlovsky, vale assistir aos dois espetáculo. NÃO DOIS às 20h e BALÕES às 21h.