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sábado, 26 de junho de 2010

Último Final de Semana

Eis que chegamos às últimas apresentações de NÃO DOIS nesta primeira temporada. E como foi interessante. Receber um público outro, se confrontar com a repetição daquele jogo que havíamos feito tão poucas vezes. Na verdade, ainda é pouco, é preciso fazer mais e mais vezes. Porém, nessas apresentações acabamos dilatando a compreensão nossa sobre o material. Eu começo a ter mais clareza do que possa ser… E isso pressupõe ainda mais trabalho.

Sobretudo, nestas apresentações, nos debatemos muito com a questão do ter que fazer sentido. Durante o processo, fomos guiados pelo movimento, simplesmente pela movimentação do corpo sem pressupor sentido. Um corpo movente sem significado. De um braço que ia e voltava, sem falar nada (e falando tudo, ao mesmo tempo). Agora, percebemos como queríamos dotar cada investida física de intencionalidade. E percebemos também, inevitavelmente, como isso não diz nada para o nosso espetáculo.

Acreditar no que não está dito, acreditar no que se pode sugerir, naquilo que se pode evocar. Acreditar no espectador também como autor do espetáculo. Abrir vias para que escreva, por meio dos corpos dos atores, a sua própria leitura do espetáculo. A sua própria leitura de mundo.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Ante…Penúltimo Final de Semana

Já estamos chegando em nosso penúltimo final de semana, em cartaz no Teatro Municipal Carlos Gomes. No entanto, cabe aqui registrar como foi incrível a última apresentação, ocorrida no domingo 13 de junho de 2010. Como um teatro da Prefeitura do Rio, também no Carlos Gomes o segundo domingo do mês integra o programa de teatro a R$ 1,00.

Ao chegar no teatro, uma fila gigantesca dobrava a esquina e seguia sem fim. Sem dúvida, a maioria dos presentes estavam ali para assistir ao espetáculo AVENIDA Q, também no Carlos Gomes, só que tendo esgotado todos os lugares, no final das contas muitos espectadores ficaram de fora. E foi quando aproveitei para divulgar o nosso espetáculo, conseguindo lotar os nossos 30 lugares e nos proporcionando um encontro incrível.

Incrível por vários aspectos. Em primeiro, porque nós desconhecíamos a totalidade daquela platéia. Segundo, tinha a sensação de que eles não tinham ido assistir ao nosso espetáculo, mas acabaram entrando para não perder a viagem. E isso fez toda a diferença, positivamente. A platéia foi tão receptiva, reagindo ao nosso espetáculo de uma forma tão inédita para mim. Não era uma platéia acostumada, eles estavam ali, duelando com o que se movia diante de seus olhos.

montagem do cenário e da luz

Ao término, propûs um pequeno debate, enfim, para ouvir, trocar, responder, questionar, buscar… E foi então que algo muito incrível aconteceu. Eu nunca tinha ouvido tanto sobre o projeto que não tivesse sido dito por pessoas envolvidas nele. Dos que permaneceram no espaço para o debate, muitos falaram e abriram questões e leituras que foram tão determinantes durante o nosso processo.

Foi realmente incrível ouvir palavras que não estão no texto, mas que foram essenciais em nosso processo. Inconsciente, consciente, espírito… As leituras e opiniões divergiam e se encontravam e era esse o jogo, bastava especular.

Deixo aqui o registro de algo muito forte que sem dúvida alguma me devolveu a força do projeto de volta. E me abriu ainda mais questões… Uma senhora disse, não sei ao certo com quais palavras, mas algo como o teatro é uma coisa muito especial, não? Não tenho dúvidas. Talvez mais certo agora, depois de ouví-la dizendo…

NÃO D O I S

domingo, 13 de junho de 2010

a temporada continua…

natássia na paraíso

aos sábados – 19h – e domingos – 17h – na sala paraíso do teatro municipal carlos gomes.

sábado, 5 de junho de 2010

MERDA

é incrível como a arte não se acomoda. tudo já acertado, tudo sabido e, de repente, do nada, algo irrompe do que acomodado estava e sugere o novo, sugere uma outra configuração. eu fico incrível. sério mesmo. como se pode ser tão afetuoso assim? a peça vai nos recebendo e criando nela e por sobre ela mesma mais encontros. mais e mais possibilidades que se ficassem em nós seriam apenas possibilidades. mas nela, convertem-se em encontro. em realização.

eu não sei. estou montando agora esperando godot e vejo em não dois o mesmo que em godot. quero dizer, quem alcança sempre espera. e é bem assim que me sinto. estou esperando o encontro de amanhã, de hoje, desta estreia, para desbravar outros mais e outros lugares e outras intenções e outras tentativas. somos inesgotáveis. e que delícia está sendo viver isso. sem complemento. apenas viver isso. é bom. é duro. faz a gente reclamar. ser chato. inseguro. inseguro. estar instável é estar vivo e aberto ao inesperado.

esta encenação. está se descobrindo. se desautoriza. se afirma e nos coloca contra a parede e diz, foram vocês que me fizeram assim, agora sustentem a dor e a delícia de ser o que sou. ai. quanta coisa para dizer, quanta coisa para calar. quanta coisa que isso evoca. eu não queria deixar de registrar, aqui – neste espaço – como a vida acaba sendo capturada e colocada ali, no meio da sala de ensaio.

o meu trabalho é vital. e isso é o que me move. para o bem e para o mal. para além de um e de outro. através. vamos rumo ao encontro. vamos rumo de encontro. vamos rumo. vamos, apenas.